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terça-feira, 20 de outubro de 2015

A vida de uma refugiada

                               
                                         Angelina Jolie conversa com crianças síria em campo de refugiados no Líbano 


Por Maria A Paiva Corá


A guerra na Síria, uma das mais cruéis dos nossos dias, começou em março de 2011, devastou o país inteiro, matou mais de 240 mil pessoas e empurrou para fora das fronteiras 4 milhões de cidadãos. Numa reportagem da Revista Claudia de Outubro deste ano, com o título “Vida de Refugiada” lemos histórias de quatro mulheres que chegaram ao Brasil depois de escapar de guerras e perseguições em seus países.

Eu não podia ficar indiferente a essas histórias tão comoventes. Segundo a reportagem, são milhares de mulheres que deixaram suas crianças para trás, fugindo de uma das 15 guerras em curso no mundo e de intolerância política, étnica ou religiosa. A atual onda de deslocados configura, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), a maior crise migratória desde a Segunda Guerra. Só neste ano de 2015, 340 mil pessoas saíram às pressas, principalmente da Síria e de nações da África, para recomeçar a vida na Europa.

Vou enfatizar aqui a história de uma refugiada da Síria, Mayada (50 anos), casada, duas filhas e professora de francês na Universidade de Damasco. Para ela, foi um dos dias mais tristes de sua vida. Ela estava levando sua filha mais velha para prestar vestibular. No caminho até o local da prova, elas só enxergaram corpos pelas ruas. “Nunca tínhamos visto um cadáver, disse ela. Na sua cultura, coloca-se um lençol branco em cima dele para preservar a imagem do morto".

Uma coisa chamou minha atenção em sua história: ela só decidiu abandonar tudo e sair daquele lugar tenebroso quando viu a morte de perto. Conforme seu relato eram muitos corpos estirados nas ruas. Chocada, ela reagiu àquela tragédia dolorosa. Ela não conseguiu ficar parada assistindo tudo e não fazer nada a respeito. A morte é uma realidade com a qual somos confrontados diariamente através das notícias nos jornais e na televisão, mas não estamos preparados quando acontece perto de nós.

“Não sei por que chamam isso de primavera árabe. É, na verdade, um inverno muito rigoroso e longo”, disse Mayada. “Eu amo a minha Síria, a que conheci, não a que existe hoje. Essa não me interessa”, completou ela. Foi no final de 2013, o aeroporto de Damasco funcionava com alguma regularidade e ela, com o marido e duas filhas adolescentes conseguiram voar para a liberdade. Na Síria, ela deixou, além de casa, um terreno, carros e o consultório de prótese dentário do marido. “Não temos mais nada” fala emocionada.

Nos últimos dois anos, o Brasil facilitou a concessão de vistos a sírios, e eles já são mais de 1,7 mil, o maior grupo de refugiados recomeçando a vida aqui. Mayada e as outras três mulheres da reportagem vivem com suas famílias em São Paulo e têm lutas parecidas com as de outras refugiadas. Mayada gosta de ir à feira e à igreja. A família se mantém com as próteses feitas pelo marido e ela dá aulas particulares de francês. Ela reconhece a importância da união da família para um bom recomeço longe do país de origem.

Sem dúvida alguma, só uma mãe determinada e cheia de fé tomaria uma decisão assim. Por quê? Porque ela é mãe. Simples assim. Quando percebeu a gravidade do problema, escolheu vida para ela e sua família. Assim como ela, outras mães refugiadas passam por situações semelhantes. Muitas não tiveram a mesma chance que Mayada, pois foram obrigadas a deixarem seus filhos para trás, nem sequer sabem onde eles estão e/ou se permanecem vivos. Fico pensando na dor dessas mulheres refugiadas que assim como "Raquel chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não existem" (Mateus 2:18).

Contudo Deus é Amor. Quem tem fé louva a Deus e espera. Somos os descendentes da fé, os herdeiros das promessas de Deus. É Ele quem diz para essas mães sofredoras: "Contenha o seu choro e as suas lágrimas, pois o seu sofrimento será recompensado". "Eles voltarão da terra do inimigo. Por isso há esperança para o seu futuro". "Seus filhos voltarão para a sua pátria (Jeremias 31:16,17).

 

Joseph F. Smith disse certa vez que sua mãe foi para ele um exemplo de determinação e fé. Ao descrever sua nobre influência, ele disse: “Lembro-me de minha mãe na época em que morávamos em Nauvoo [1839–1846]. Lembro-me de vê-la com seus filhos indefesos apressadamente reunidos em uma balsa, com uns poucos pertences que conseguiu tirar de sua casa quando a cidade de Nauvoo começou a ser bombardeada por seus inimigos” (Da Vida de Joseph F. Smith).


Queremos paz! Mas “a paz significa mais do que ausência de guerras”. O fato de que, quase 60 anos após a II Guerra Mundial, prosseguem continuamente os conflitos e guerras, mostra que o homem não evoluiu. Existe muita crueldade no mundo. São ditadores e líderes políticos sem escrúpulos. A situação parece igual à do antigo Egito ou da Babilônia de Nabucodonosor. Apenas mudou o cenário. A paz baseia-se na justiça, como ensina a Bíblia: "O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre" (Isaías 32.17). 

Mas o profeta Isaías viu um mundo vindouro em que haverá paz. Ele afirma que o Reino da Paz será trazido e mantido por um Menino - Príncipe da Paz: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto" (Isaías  9.6-7).

Deus é soberano em tudo o que faz e a Bíblia é muito doce ao registrar os atos previamente arranjados de Deus. Para àqueles que confiam sua vida ao nosso Pai Celestial, temos a promessa: "a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus" (Filipenses 4.7).  Que as bênçãos do céu estejam com todas as mães desta nação e de todas as nações. Que seus lares sejam repletos de harmonia e amor e que possam construir um belo testemunho. Que dia após dia o Senhor faça de nós um tipo de pessoa que possa glorificar Seu nome.

Shalom!









quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Por Que Estudar o LIVRO DE MÓRMON?



Por Maria A. Paiva Corá


Muitas pessoas demonstram uma atitude negativa para com o Livro de Mórmon. Alguns dizem: “Só leio a Bíblia”. Outros afirmam: “Se ninguém consegue entender a  Bíblia, por que dar-se ao trabalho de ler mais um Livro?”. Há outros, ainda, que declaram: “Nós não estudaremos o Livro de Mórmon porque ele não é verdadeiro! ”.

Para os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias o Livro de Mórmon é a Palavra de Deus. Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos declarou: “Nada em nossa história e em nossa mensagem é mais penetrante do que a inflexível declaração de que o Livro de Mórmon é a palavra de Deus. E aqui nós criamos um divisor de águas” (“Verdadeiro ou Falso”, A Liahona, junho de 1996, p. 48).

Segundo o Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) o momento em que o Livro de Mórmon surgiu demonstra sua importância para a Restauração do evangelho: “ (…) Um vigoroso testemunho da importância do Livro de Mórmon é a ordem em que ele aparece em meio aos eventos da Restauração. A única coisa que o precedeu foi a Primeira Visão. Naquela assombrosa manifestação, o Profeta Joseph Smith aprendeu qual é a verdadeira natureza de Deus e também ficou sabendo que o Pai tinha um trabalho a ser executado por ele. O passo seguinte foi o surgimento do Livro de Mórmon”.

Já Élder L. Tom Perry, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que o Livro de Mórmon foi escrito para nossos dias: “Os principais autores do Livro de Mórmon sabiam plenamente que seus escritos se dirigiam principalmente às pessoas de uma geração futura, e não às pessoas da própria geração deles. Morôni escreveu para nossa geração: ‘Eu vos falo como se estivésseis presentes’ (Mórmon 8:35)” (Conference Report, outubro de 2005, p. 5; ou“Bênçãos Decorrentes da Leitura do Livro de Mórmon”, A Liahona, novembro de 2005, p. 6).

Na Bíblia Deus declara: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei” (Is 46.9-11; cf. Is 14.24,26-27).

Esses textos da Bíblia Sagrada revelam a existência de um único Deus verdadeiro, o qual tem um propósito soberano para a história. No passado, Deus determinou aquilo que aconteceria na Terra; além disso, Ele, por intermédio dos profetas, declarou ao ser humano os acontecimentos futuros, até mesmo o fim de nossa história. Então, no decorrer da história, Deus soberanamente leva ao pleno cumprimento tudo aquilo que Ele planejou, determinou e declarou através dos profetas. Ninguém pode entender o propósito de Deus para a história da humanidade sem o estudo das Escrituras Sagradas.

O Livro de Mórmon também faz parte das Escrituras Sagradas, é também o registro escrito do que Deus disse ao homem, por intermédio de Seus profetas, acerca de muitos acontecimentos, inclusive do que diz respeito ao futuro de seu povo. Deus permitiu que esse livro fosse encontrado e traduzido, porque tem um objetivo e que não deve ser ignorado por nós.

Ele é uma excelente ferramenta de evangelização. Eu sou testemunha da conversão de pessoas que chegaram ao pleno conhecimento da salvação em Jesus Cristo através do Livro de Mórmon. Todo crente que se esquiva do estudo e do ensino dessa parte das Escrituras Sagradas perde a oportunidade de usar uma eficiente ferramenta de evangelização que o Senhor nos concedeu.

Aqueles que o consideram irrelevante e não o estudam cairão em grande erro. O Livro de Mórmon é “Outro Testamento de Jesus Cristo”.  Ele foi escrito por mandamento e também pelo espírito de profecia e de revelação. Joseph Smith foi quem traduziu os originais das placas de ouro com o propósito de convencer os judeus e os gentios de que Jesus é o Cristo, o Deus Eterno, que se manifesta a todas as nações.

Em Doutrina e Convênios 20:8–12, está escrito:
E deu-lhe poder do alto, pelos meios que haviam antes sido preparados, para traduzir o Livro de Mórmon; Que contém um registro de um povo decaído e a plenitude do evangelho de Jesus Cristo aos gentios e também aos judeus; O qual foi dado por inspiração e é confirmado a outros pelo ministério de anjos, sendo por eles proclamado ao mundo — Provando ao mundo que as santas escrituras são verdadeiras e que Deus inspira os homens e chama-os para sua santa obra, nesta época e nesta geração, assim como em gerações passadas; Mostrando assim que Ele é o mesmo Deus ontem, hoje e para sempre”.

Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu que O Livro de Mórmon “deveria ser considerado o texto religioso mais notável e importante revelado desde que os escritos do Novo Testamento foram compilados há quase dois mil anos. Na verdade, em sua função de restaurar verdades bíblicas claras e preciosas que se haviam perdido e, ao mesmo tempo, acrescentar dezenas de novas verdades sobre Jesus Cristo e preparar o caminho para a total restauração de Seu evangelho e para o dia triunfal de Seu retorno, o Livro de Mórmon pode ser considerado o texto religioso mais notável e importante já trazido ao mundo” (Christ and the New Covenant, 1997, pp. 9–10).

Quando dizemos que Jesus é o Cristo, estamos testificando que Ele é Aquele que foi ungido para salvar-nos. E ao sermos membros da Igreja do Senhor, fazemos parte da casa de Israel. O Livro de Mórmon é crucial no evangelho restaurado, pois com ele achegamo-nos mais ao Senhor quando o estudamos em espírito de oração.

O desejo de agradar e glorificar a Deus deve ser aquilo que nos motiva, proporcionando-nos o autêntico propósito e sentido da vida – não o dinheiro, os bens materiais ou a fama. Uma vez que todas as realidades terrenas são temporárias e estão destinadas à destruição, é preciso que ajustemos nossos valores e prioridades àquelas do eterno.

Shalom!