Por Maria A. Paiva Corá
Não temos muitas informações a respeito da vida de José na Bíblia. Ele
aparece poucas vezes, sendo que no início dos evangelhos de Mateus (capítulos 1
e 2) e Lucas (capítulos 1, 2 e 3). Porém, em Mateus 13:55 e Marcos 6:3, nos informa
que ele era carpinteiro, uma profissão prestigiada na época. Inclusive, o profissional nessa área aparece
em primeiro lugar na lista das profissões de Construção Civil, conforme está
escrito em 2º Samuel 5:11, 2º Reis
12:11, 2º Reis 22:4-6.
José era da tribo de Judá, a mesma do Rei Davi, e teve de ir de Nazaré na
Galileia para Belém na Judeia, cidade dos seus antepassados, para o
recenseamento ordenado pelas autoridades romanas. Ele pertencia à casa e à
linhagem de Davi, conforme está registrado em Lucas 2:4.
Embora muitos cristãos não gostem de ler a primeira página do Novo
Testamento porque tem muitos nomes estranhos, é lá que está o registro da
genealogia de Jesus, desde
Abraão até José. “Ao todo são catorze
gerações de Abraão a Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze
do exílio até o Cristo” (Mateus 1:1-17).
Já, em Lucas 3:23-38, temos essa mesma genealogia, porém em sentido
contrário, desde José até Adão. Embora as informações diferem, são praticamente
coincidentes.
É digno de nota o dia a dia na profissão de José, para o conhecermos melhor.
Para começar podemos dizer que ser carpinteiro naquela época não devia ser nada
fácil. Procurar uma boa árvore, para obter a madeira adequada, não era uma
tarefa simples. Não havia máquinas para transportar troncos, eles eram arrastados
até o local de trabalho. Seu trabalho na carpintaria envolvia
frequentemente a utilização de esforço físico e trabalhos ao ar livre.
Quantas vezes José precisou subir às montanhas, pois
na maior parte do território de Israel só havia pequenos arbustos. Podemos
imaginar sua casa com um grande quintal cheio de troncos de árvores. Nessa
época ainda não havia serras elétricas, muito menos estufas para secar a
madeira. Todos esses troncos de árvore, tinham de ser serrados manualmente para
depois serem secos ao ar quente e seco da Nazaré. Certamente, era um trabalho árduo
transformar os troncos em tábuas que pudessem ser utilizadas na sua
carpintaria.
A arqueologia tem tido sucesso em fornecer subsídios para reconstruirmos o
momento histórico no qual teria vivido Jesus. Um exemplo é o trabalho nas
imediações de Nazaré. Escavações encontraram grande número de construções
romanas do século 1. O fato jogou nova luz sobre a profissão do pai adotivo
de Jesus. “As novas descobertas mostram
que a Galiléia, e em particular a região de Nazaré, era um verdadeiro canteiro
de obras na época de Jesus. Muitos
homens adultos estavam envolvidos com alguma atividade ligada à construção
civil”, diz Gabriele Cornelli, professor de teologia e filosofia da
Universidade Metodista de São Paulo, em um artigo no Guia do Estudante.
A construção civil da época era geralmente de pedra. Havia em Jerusalém
alguns edifícios, que certamente necessitariam de vigamento de madeira para os
pavimentos. A cidade de Séforis, por exemplo, ficava a apenas 6,5 quilômetros a
noroeste de Nazaré, onde Jesus foi criado. No entanto, o historiador judeu do
primeiro século, Flávio Josefo, chamou-a de “o adorno de toda a Galileia”.
Provavelmente havia muito trabalho para os bons carpinteiros da época. É bem
possível que José tivesse trabalhado nesses edifícios ajudado pelo filho e
jovem Jesus.
Além de ser profissional competente, José certamente era um homem
sábio, forte, cheio de saúde, um douto cheio de vigor, conforme Provérbios
24:5. Ele estava noivo de Maria, uma
linda jovenzinha que morava em Nazaré. Logo os preparativos para o casamento
estariam concluídos e ela seria finalmente sua esposa. José certamente sentiu
falta dela durante os três meses que estivera visitando sua prima na região
montanhosa de Judá.
É possível imaginar Maria caminhando vagarosamente pela marcenaria,
olhando e passando as mãos nas tábuas e nas peças trabalhadas com perfeição,
por José. Quantas peças deveriam estar ali, e no balcão em que José trabalhava,
deveria ter martelo, formão, serra circular, trena, serrote e prumo. Certamente
foi num ambiente como esse que Maria falou para ele sobre a gravidez. Ela
seguramente parecia feliz e preocupada ao mesmo tempo, quando disse que um anjo
havia falado que ela teria uma criança. Ela explicou tudo com detalhes,
esperando que ele compreendesse. Mas José deve ter pensado que anjos visitavam
pessoas no passado, mas em Nazaré naqueles dias era pouco provável. Além disso,
sua amada Maria estava grávida. E o que fazer diante de tal situação?
Enquanto Maria observava a reação de José, disse-lhe que o anjo havia dito
que ela teria um filho. Não um menino
comum, mas um filho muito especial. O
anjo disse que o bebê seria chamado de Filho de Deus. E na Bíblia lemos que sendo
ele justo, e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em
segredo (Mateus 1:19). “Mas, depois de
ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José,
filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado
procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o
nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". Ao
acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria
como sua esposa” (Mateus 1:20-25). Em Mateus 2:13-14 e Mateus 2:19-21 temos novas aparições do
anjo a que José prontamente obedece. Mateus registou também a fuga para o
Egito.
Jesus teve pais justos na Terra para cuidar Dele e ensiná-Lo. Lucas
mencionou Jesus aos 12 anos, quando ele ficou em Jerusalém, depois da festa.
José e Maria voltavam para casa, não O encontrando, voltaram a Jerusalém para
procurá-lo. Depois de três dias O encontraram no templo. Foi Maria que
perguntou: "Filho, por que você nos fez isto? Seu pai e eu estávamos
aflitos, à sua procura". E José mostrou-se calmo, demonstrando ser um
homem pacífico. (ver Lucas 2:41-48).
Apesar de não termos muitas referências sobre José na Bíblia, todas as
informações são preciosas e nos mostram um homem de espírito pacífico e
tolerante, além de ser um verdadeiro servo de Deus, que cumpriu fielmente a
função para a qual o Senhor o chamou.
Parece que hoje em dia pouquíssimos cristãos se preocupam em agradar ao nosso
Senhor, embora como servos de Deus tenhamos ainda muito mais motivos para
esforçar-nos, para darmos o melhor que
pudermos.
Depois de ler este artigo, talvez você se pergunte: o que devo fazer mais,
além do que já faço? Já servi missão de tempo integral, tenho cargo na igreja e
faço serviço voluntário. Mas, mesmo uma função espiritual não é significativa,
não nos distingue, pois única e
exclusivamente a maneira de COMO fazemos as coisas para o Senhor é o que
realmente conta. E, assim como na vida de José, é de acordo com as nossas
possiblidades, isso pode ser algo muito simples, algo que não aparece, que não
é um espetáculo diante dos olhos dos outros. Somente importa que sejamos fiéis
aproveitando as oportunidades onde os caminhos estão abertos para nós.
Um grande abraço!
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