Angelina Jolie conversa com crianças síria em campo de refugiados no Líbano
Por
Maria A Paiva Corá
A guerra na Síria, uma das mais
cruéis dos nossos dias, começou em março de 2011, devastou o país inteiro,
matou mais de 240 mil pessoas e empurrou para fora das fronteiras 4 milhões de
cidadãos. Numa reportagem da Revista Claudia de Outubro deste ano, com o título
“Vida de Refugiada” lemos histórias de quatro mulheres que chegaram ao Brasil
depois de escapar de guerras e perseguições em seus países.
Eu não podia ficar indiferente a
essas histórias tão comoventes. Segundo a reportagem, são milhares de mulheres
que deixaram suas crianças para trás, fugindo de uma das 15 guerras em curso no
mundo e de intolerância política, étnica ou religiosa. A atual onda de
deslocados configura, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (Acnur), a maior crise migratória desde a Segunda Guerra. Só neste
ano de 2015, 340 mil pessoas saíram às pressas, principalmente da Síria e de
nações da África, para recomeçar a vida na Europa.
Vou enfatizar aqui a
história de uma refugiada da Síria, Mayada (50 anos), casada, duas filhas e
professora de francês na Universidade de Damasco. Para ela, foi um dos
dias mais tristes de sua vida. Ela estava levando sua filha mais velha para
prestar vestibular. No caminho até o local da prova, elas só enxergaram corpos
pelas ruas. “Nunca tínhamos visto um cadáver, disse ela. Na sua cultura,
coloca-se um lençol branco em cima dele para preservar a imagem do morto".
Uma coisa chamou minha atenção em sua história: ela só decidiu abandonar
tudo e sair daquele lugar tenebroso quando viu a morte de perto. Conforme seu
relato eram muitos corpos estirados nas ruas. Chocada, ela reagiu àquela tragédia dolorosa. Ela não
conseguiu ficar parada assistindo tudo e não fazer nada a respeito. A morte é uma realidade com a qual somos confrontados
diariamente através das notícias nos jornais e na televisão, mas não estamos
preparados quando acontece perto de nós.
“Não sei por que chamam isso de primavera árabe. É,
na verdade, um inverno muito rigoroso e longo”, disse Mayada. “Eu amo a minha Síria, a que conheci, não a que existe hoje. Essa não me
interessa”, completou ela. Foi no final de 2013, o aeroporto de Damasco
funcionava com alguma regularidade e ela, com o marido e duas filhas adolescentes
conseguiram voar para a liberdade. Na Síria, ela deixou, além de casa, um
terreno, carros e o consultório de prótese dentário do marido. “Não temos mais nada” fala emocionada.
Nos últimos dois anos, o Brasil facilitou a concessão de vistos a
sírios, e eles já são mais de 1,7 mil, o maior grupo de refugiados recomeçando
a vida aqui. Mayada e as outras três mulheres da reportagem vivem com suas famílias
em São Paulo e têm lutas parecidas com as de outras refugiadas. Mayada gosta de
ir à feira e à igreja. A família se mantém com as próteses feitas pelo marido e
ela dá aulas particulares de francês. Ela reconhece a importância da união da família
para um bom recomeço longe do país de origem.
Sem dúvida alguma, só uma mãe determinada e cheia de fé
tomaria uma decisão assim. Por quê? Porque ela é mãe. Simples assim. Quando percebeu
a gravidade do problema, escolheu vida para ela e sua família. Assim como ela,
outras mães refugiadas passam por situações semelhantes. Muitas não tiveram a
mesma chance que Mayada, pois foram obrigadas a deixarem seus filhos para trás,
nem sequer sabem onde eles estão e/ou se permanecem vivos. Fico pensando na dor
dessas mulheres refugiadas que assim como "Raquel chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não
existem" (Mateus 2:18).
Contudo Deus é
Amor. Quem tem fé louva a Deus e espera. Somos os descendentes da fé, os
herdeiros das promessas de Deus. É Ele quem diz para essas mães sofredoras: "Contenha o seu choro e as suas lágrimas,
pois o seu sofrimento será recompensado". "Eles voltarão da terra do inimigo. Por isso há esperança
para o seu futuro". "Seus filhos voltarão para a sua pátria” (Jeremias 31:16,17).
Joseph F. Smith disse certa vez que sua mãe foi para ele
um exemplo de determinação e fé. Ao descrever sua nobre influência, ele disse:
“Lembro-me de minha mãe na época em que
morávamos em Nauvoo [1839–1846]. Lembro-me de vê-la com seus filhos indefesos
apressadamente reunidos em uma balsa, com uns poucos pertences que conseguiu
tirar de sua casa quando a cidade de Nauvoo começou a ser bombardeada por seus
inimigos” (Da Vida de Joseph F. Smith).
Queremos paz! Mas “a
paz significa mais do que ausência de guerras”. O fato de que,
quase 60 anos após a II Guerra Mundial, prosseguem continuamente os
conflitos e guerras,
mostra que o homem não evoluiu. Existe muita crueldade no mundo. São ditadores
e líderes políticos sem escrúpulos. A situação parece igual à do antigo Egito
ou da Babilônia de Nabucodonosor. Apenas mudou o cenário. A paz baseia-se na
justiça, como ensina a Bíblia: "O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e
segurança, para sempre" (Isaías 32.17).
Mas o profeta Isaías viu um mundo vindouro em que haverá
paz. Ele afirma que o Reino da Paz será trazido e mantido por um Menino - Príncipe
da Paz: "Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros;
e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o
trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e firmar mediante o juízo
e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará
isto" (Isaías 9.6-7).
Deus é soberano em tudo o que faz e a
Bíblia é muito doce ao registrar os atos previamente arranjados de Deus. Para àqueles que confiam sua vida ao
nosso Pai Celestial, temos a promessa: "a
paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus" (Filipenses 4.7). Que as bênçãos do céu estejam com todas
as mães desta nação e de todas as nações. Que seus lares sejam repletos de harmonia
e amor e que possam construir um belo testemunho. Que dia após dia o Senhor
faça de nós um tipo de pessoa que possa glorificar Seu nome.
Shalom!
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