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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cidadezinha




                                                                   Formosa - GO em 1819


                                                                                
Cidadezinha cheia de graça…
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça…
Sua igrejinha de uma torre só.
—-
Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca, nem um segundo…
E fica a torre sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!…
—-
Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo ( que triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!
Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha… Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar…

                 QUINTANA, Mário. Poesias. Porto Alegre, Globo, 1977.






FALANDO SOBRE O POEMA

Trata-se de um soneto, um poema com dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos).


Lendo o poema Cidadezinha de Mário Quintana, começo a perceber que todas as cidadezinhas se parecem. Todas as infâncias passadas nas cidadezinhas têm um gosto em comum.  Podemos ver  o poeta nos descrevendo uma cidadezinha simples e comum, igual a tantas outras que existem no interior de nosso país.

Começando pelo  título, podemos ver que ele aparece no diminutivo dando a ideia de que se trata  realmente de uma cidade de pequeno porte e também  para destacar um sentimento de carinho e  de ternura que o eu-lírico do poema demonstra ter pela cidade.

Logo no começo do poema, na primeira estrofe encontramos  palavras como:  “Cidadezinha, tão pequenina, burricos, igrejinha”, reforçando a ideia de pequenez  daquela cidade.

E “Burricos pastando; nuvens que venham, asas (que) não param nunca; eu que de longe venho” são elementos do poema revelando  movimento , sendo que o  eu-lírico quer  dizer pássaros com a palavra  “asas”.

E fica a torre sobre as velhas casas, Fica cismando como é vasto o mundo!…” Aqui o poeta nos mostra como realmente a vida na pequena cidade é tão diferente daquela que existe em outros lugares.
Nasci numa cidade pequena, que possui características  peculiares que a diferenciam de qualquer outro local da face da Terra. Quando vou lá posso ver o olhar carinhoso das pessoas e ouço repetidas vezes  o meu apelido de infância. Sinto que sou importante para aquele lugar tão especial para mim.


Hoje vivo  numa cidade grande onde impera  o individualismo e a pressa, nos tornando pessoas  insignificantes e anônimas. Mas voltando o tempo de  infância na minha  cidadezinha tão formosa, também sinto saudades e percebo que foi uma benção nascer naquele lugar, naquela cidade de uma torre só, mas que também me causou dó...


Shalom!


Maria A. Paiva Corá 



2 comentários:

  1. Já fui a muita missa nessa igrejinha, não exatamente nessa época...

    Gostei da comparação. Quintana podia ser de Formosa.

    Pedro Paiva - Brasília - DF

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