Certo dia, num caderno,
Numa página interna,
Deu-se a grande reunião
Dos sinais de pontuação,
Para decidir, no instante,
Qual o que é mais importante.
E logo, todo sinuoso,
A rebolar-se, entrou, pimpão,
O enxerido e mui curioso
Dom Ponto de interrogação:
- Quem é?
- Por quê?
- Aonde?
- Quando? – ele só vive perguntando ...
Chegou correndo, afobadão,
O Ponto de Exclamação,
Bufando, muito excitado,
Entusiasmado ou assustado.
– Socorro!
– Viva!
–Saravá!
– Dá o fora! – sempre a berrar!
E vêm as Vírgulas dengosas,
Muitos falantes, muito prosas,
E anunciam: – Nós meninas
Somos as pausas pequeninas,
Que, pelas frases espalhadas,
São sempre tão solicitadas!
Mas já chegam os Dois-Pontos,
Ponto-e-Vírgula, e pronto!
Tem início a discussão,
Que já dá em confusão:
–Sem por cima ter um ponto,
Vírgula é um sinal bem tonto! –
Ponto-e-Vírgula declara,
Arrogante, e fecha a cara.
–Essa não! Tenha paciência! –
Intervêm as Reticências.
–Somos nós as importantes,
Tanto agora como dantes:
Quando falta competência,
Botam logo... Reticências!
Til e Acento Circunflexo,
Numa discussão sem nexo,
Cara a cara, bravos, quase
Se engalfinham. Mas a Crase
Corta a briga, ao declarar:
–Poucos sabem me empregar!
Me respeitem pois bastante,
Já que eu sou tão importante!
Mas Dois-Pontos protestou:
–Importante eu é que sou!
Eu preparo toda a ação
E a e-nu-me-ra-ção!...
–É aqui que nós entramos!
Nós, as Aspas, e avisamos:
Sem nossa contribuição
Não existe citação!
A Cedilha e o Travessão
Já se enfrentam, mas então,
Bem na hora, firme e pronto
Se apresenta o senhor Ponto:
–Importante é o meu sinal.
Basta. Fim. PONTO FINAL.
Tatiana Belinky, Di – Versos russos. São Paulo, Scipione.
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Tatiana Belinky nasceu em 1919, em São Petersburgo, na Rússia, e chegou ao Brasil em 1929. Publicou livros em prosa e versos, além de traduções, adaptações e recontagens. Entre 1952 e 1966, fez a primeira adaptação para a televisão da série Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato. Colaborou na TV Cultura e em importantes jornais como crítica de literatura infantil e juvenil e de teatro.
Recebeu inúmeros prêmios, entre eles: Mérito Educacional e Jabuti de Personalidade Literária do Ano, concedidos pela Câmara Brasileira do Livro; dois Monteiro Lobato de Tradução da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Foi, ainda, premiada em 1979 pelos 30 anos de atividades em Teatro e Literatura Infanto-Juvenil pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Recebeu inúmeros prêmios, entre eles: Mérito Educacional e Jabuti de Personalidade Literária do Ano, concedidos pela Câmara Brasileira do Livro; dois Monteiro Lobato de Tradução da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Foi, ainda, premiada em 1979 pelos 30 anos de atividades em Teatro e Literatura Infanto-Juvenil pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
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FALANDO SOBRE O POEMA
O poema mostra de maneira descontraída a importância dos sinais de pontuação utilizados na linguagem escrita. A autora dá vida aos sinais, personificando-os, atribuindo-lhes sentimentos humanos, como vaidade e orgulho e ressalta suas qualidades.
Com o poema vamos relembrar este assunto que aprendemos desde bem pequenos na escola: a pontuação. Ela é um sistema de sinais que tenta reproduzir na escrita as pausas e maneiras de falar os sons, além de criar relações de independência ou dependência entre frases. Assim, a pontuação organiza as idéias para que todo o texto não pareça um amontoado de palavras!
Vejamos quais são os sinais de pontuação:
O ponto de interrogação é o enxerido e muito curioso. Ele só vive perguntando ... Ele é o sinal que se usa no final da frase quando fazemos uma pergunta diretamente a alguém ou algo.
Ex.: “Que darei eu ao SENHOR, por todos os benefícios que me tem feito?” (Salmos 116:12)
A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Segundo o poema ela sem o ponto acima é “um sinal bem tonto”, indicando assim que o ponto seria o cérebro ou a cabeça da vírgula; que sem ele, ficaria desorientada.
O ponto-e-vírgula é usado para indicar uma pausa mais demorada, depois que já se empregou a vírgula.
O ponto de exclamação expressa sentimentos de dor, de alegria, de tristeza, de surpresa, de espanto, de raiva, de súplica e de muitas outras reações emotivas.
Ex.: “Este é o dia da vitória de Deus, o SENHOR; que seja para nós um dia de felicidade e alegria!” (Salmos 118:24 – NTLH)
Ah, as reticências ... Elas são usadas por “falta de competência”, para indicar a suspensão ou interrupção do pensamento segundo o poema. Realmente elas marcam uma pausa na frase, causando suspense, interrupção rápida em uma fala e até expressões como zombaria! Elas sugerem uma interpretação do pensamento ou por que você prefere esconder o que pensa, ou até espera que o outro imagine.
Ex.: Se eu tomasse menos sorvete, o meu corpo agradeceria...
Quanto a função dos dois-pontos e das aspas podemos dizer que os dois-pontos são colocados antes de uma enumeração ou citação. Assinalam uma pausa para indicar que a frase não foi concluída, isto é, há algo a se acrescentar. Já as aspas aparecem em citações para indicar que não foi você que escreveu e também para indicar a fala do personagem (podendo ser em lugar do travessão).
O travessão é um traço que vem antes da fala de um personagem e também para interrompê-la, colocando o narrador. Esse sinal serve para destacar uma palavra, expressão ou frase no texto.
Por hoje é só. Até breve!
Maria A. Paiva Corá
EXCELENTE!
ResponderExcluirADOREI!!!!!!!!!!!!
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