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quinta-feira, 1 de julho de 2010
Superpai
por Odiléia Lindqüist
Essa expressão pode evocar a figura de uma pessoa tipo Rambo, Sansão. No entanto, não é esse o enfoque que desejamos dar. Não é também a figura de um homem herói, invulnerável, um verdadeiro deus na Terra.
O que pretendemos mostrar como superpai é um homem que pode ser rico ou pobre; pode ter grande cultura ou ser um iletrado; pode morar numa grande cidade ou viver no anonimato de uma ilha distante, isolado de quase todos.
O superpai é simplesmente um homem. Um homem como qualquer outro, que ri, chora, se deleita na contemplação da natureza – num belo pôr-de-sol, na quietude de um lago, no sorriso de uma criança, na chuva fininha lá fora.
O superpai é alguém que trabalha duro, de sol a sol, para oferecer à sua família o alimento, o abrigo, o agasalho, os estudos dos filhos.
O superpai nem sempre pode dar tudo o que seus filhos querem, mas o que tem é deles, inclusive ele mesmo, e isso faz toda a diferença.
O superpai é um homem que encontra tempo, não muito, para estar com sua família; tem disposição para ouvir, sentir, cuidar, tocar, caminhar ao lado espontaneamente.
O superpai, às vezes, faz coisas de que se arrepende. Por exemplo, perde a paciência diante da teimosia do filho, levanta a voz para repreender o adolescente que chegou tarde em casa, corrige de maneira irritada os pequenos que disputavam o mesmo brinquedo, mas, refletindo depois em suas atitudes, tem a nobreza de reconhecer sua falta e, olhando diretamente nos olhos dos filhos, pedir-lhes desculpas, e depois os abraçar, beijar e orar com eles.
O superpai ama profundamente a mãe dos seus filhos e é fiel a ela. Ele se envolve nas lides domésticas, é carinhoso e gentil em atitudes dentro e fora de casa. Os filhos sabem que entre eles existe um sincero e puro amor.
O superpai é um autêntico modelo do verdadeiro cristianismo testemunhado aos filhos e à comunidade. É alguém que sabe estabelecer o ritmo de espiritualidade dentro de sua casa e o faz amavelmente, sem farisaísmo ou pressão, como um homem de caráter varonil e de paixões controladas.
O superpai representa um legislador dentro de sua casa e tem todos os membros da família centralizados nele como verdadeiro sacerdote, intercedendo e confessando diante de Deus, tanto os seus pecados quanto os de sua casa, os conhecidos como os secretos.
O superpai não confia em suas próprias forças, pois sabe que é simplesmente um homem falível, por isso, se apóia na força do Altíssimo. Ele toma a Palavra de Deus como sua conselheira, a oração como seu escudo e tem os anjos como cooperadores em sua jornada.
Quem sabe, diante desse arrazoado, você esteja se perguntando: É possível ser um superpai nesta sociedade pós-moderna?
Seguindo o pensamento de Charles R. Swindoll, em A Família Forte, perguntamos: Como romper com esse sistema que começou com a Revolução Industrial, tirando as pessoas da vida tranqüila e pacata em que viviam, para colocá-las apinhadas em cidades superpovoadas?
Como manter o mesmo relacionamento familiar agora, vivendo em apartamentos minúsculos, quando o pai e a mãe têm que sair ainda de madrugada para trabalhar em fábricas ou em grandes indústrias como verdadeiros robôs?
Parece mesmo impossível, pois nossa sociedade criou um outro modelo de pai – o pai urbano – aquele que sai de casa cedo e volta tarde da noite. É o pai-sombra. Ele só vê os filhos dormindo e, acordados, somente no final de semana, quando não faz horas extras.
Diante desse quadro, o que faz o sistema? Para compensar a ausência, encoraja os pais a dar todas aquelas coisas que eles mesmos nunca tiveram, mas sonharam possuir. Então, enchem os filhos de brinquedos eletrônicos, roupas de grife, título de sócio em algum clube, boas escolas, cursos especiais de natação, línguas, música etc. Procuram substituir essa ausência através dos bens materiais, uma boa casa, uma TV para cada um, inclusive uma Home Theater, cartões de crédito, computadores, celulares... e a lista continua.
Infelizmente, temos que admitir que nada disso substitui a presença do pai. Onde estão aqueles momentos mágicos quando os filhos aprendiam aos pés de seus pais? Onde foi parar aquela agradável companhia masculina em casa quando toda a família se reunia em descontração e relax? Onde os filhos vão desfrutar a segurança e o sentimento de integridade que os mais velhos transferiam para os mais jovens? Será que tudo isso se perdeu em meio à balbúrdia social em que vivemos?
Cremos que precisamos nos mobilizar e começar já uma nova revolução. A Revolução do Pai Presente. Precisamos dizer “não” ao sistema que empurra os pais para longe de suas famílias, longe daqueles a quem mais amam – filhos e esposa.
É necessário compreender que os filhos precisam da presença do pai enquanto ele está vivo. Eles precisam da sua influência na tomada de decisões importantes da vida. Você, pai, precisa estar ao lado deles e ser essas ocasiões as lembranças mais agradáveis que eles terão de você.
Querido papai, sua família não espera que você seja um modelo de perfeição, um super-herói em todas as áreas. Não! Não! A sua família quer apenas VOCÊ, sem maquiagem ou máscara. Sua família quer ouvir sua voz, receber seu sorriso, sentir sua presença, contar com suas palavras de apoio, de ânimo, de coragem. Sua família quer seu envolvimento, sua participação, suas orações.
Peça a Deus que o ajude a ser um superpai sendo, simplesmente, PAI.
Odiléia Lindquist é editora associada de Livros Didáticos da Casa Publicadora Brasileira.
Fonte: Revista Adventista, 2005, Casa Publicadora Brasileira
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