Pelo inverno nas cidades
Eu assisto às transformações
Pelos quartos nos hotéis
Nos anúncios, nas televisões
Vendem crimes
Vendem inveja
Vendem tudo
Até ilusões
Estão brincando
Eu não acredito
Penso em tudo
Até em revoluções
Nos verões pela cidade
Eu assisto as evoluções
Nas escolas desta vida
Nas quadras, nas concentrações
Eu sei que tudo é possível
É nesse mundo que eu vivo
No outono pelas cidades
Eu assisto as demolições
Destroem casas
Implodem edifícios
Não é difícil pra quem não tem emoções
Vendem crises
Vendem misérias
Vendem tudo até em mil prestações
Estão brincando,
Eu não acredito
Penso em tudo até em revoluções
Eu sei que tudo é possível
É nesse mundo que eu vivo
Lobão e Bernardo Vilhena
Falando sobre a música de Lobão
Ao estudar o conceito de literatura percebemos que a arte pode ter entre outros, dois aspectos: o belo e o protesto.
O “belo”, apesar de ser um conceito subjetivo (o que é belo para um pode não ser para outro), é o fator que impressiona mais aos sentidos: num quadro, pode ser o jogo de cores, por exemplo: numa poesia ou outro tipo de texto literário, pode ser o uso especial das palavras, as imagens e associações criadas pelo autor etc. No entanto, atrás desse “belo”, pode haver – e, sobretudo em literatura, geralmente há – uma crítica, uma denúncia, um desabafo, seja no plano pessoal ou universal, como em Esse mundo que eu vivo .
Temos aqui a letra da música de Lobão e Bernardo Vilhena (LP Vida bandida, RCA-Victor, 1987). O texto encontra-se em forma de verso. Como podemos ver temos uma espécie de desabafo de quem se encontra num mundo perturbado, referindo-se à situação caótica do país e do mundo.
Concluímos, segundo o texto, que os ideais da Revolução Francesa , cuja lema era Liberdade, Igualdade e Fraternidade ficaram apenas na palavra.
Maria A. Paiva Corá
Nenhum comentário:
Postar um comentário