Quem nunca ouviu alguém falar que não aprecia a política no Brasil. Pelo menos, não do jeito como é exercida nos últimos tempos. Ela está abominável, com pouquíssimas exceções.
Alguém disse certa vez, de forma indignada: ”Na minha época de juventude, os tempos eram outros. Existiam os partidos que representavam de alguma forma a direita, o centro e a esquerda. As coisas eram claras. Existia o idealismo. Vestiam a camisa e morriam-se por ela ou com ela. Alguns políticos eram velhas raposas. Mas ilustres e honrados”.
Confesso que eu também não aprecio a política no Brasil em nossos dias. No passado, uma pessoa que mudasse de partido ficava no ostracismo pelo resto da vida, acusada de “vira-casaca”. Era a marca do opróbrio. Hoje, o termo perdeu a força porque se viram casacas o tempo todo, com muito pouco pudor.
O mais comum é fazermos julgamentos errados das atitudes dos outros, por isso muita gente diz coisas bem injustas, sem imaginar a extensão dos problemas envolvidos. Mas em se tratando da política no Brasil, a verdade é que são muitos os despreparados que chegaram ao poder público e estão deslumbrados e a corrupção corre solta sem nenhuma punição. Trata-se de um triste espetáculo para o povo brasileiro, do qual faço parte. É lamentável ficarmos contemplando grandes tramóias e como tudo desandou.
“Invertendo a máxima de Lord Acton, não é o poder que corrompe os indivíduos: são estes que corrompem o poder” disse recentemente José Serra em um de seus artigos. Segundo ele, Basta compreender que não é o poder que corrompe os indivíduos, mas que são estes que corrompem o poder. Basta que o exemplo venha de cima. O país, aliás, cobra o fim dos erros, dos crimes e da impunidade, muitas vezes adornados pelo deboche de quem acredita estar fora do alcance da lei.
Concordo plenamente com ele, porque basta conversar com as pessoas, e podemos perceber a imensa demanda social pela ética na vida pública. Não podemos nos conformar com esse deprimente espetáculo na vida pública de nosso pais. A atual crise política é a pior que já presenciamos. Pouquíssimos políticos se preocupam em agradar ao povo, embora grande seja a bancada de cristãos, com muito mais motivos para esforçar-se. Colocar-se no lugar do outro é ato de respeito, consideração e reconhecimento de valor e se eles foram eleitos pelo povo precisam ter tal atitude.
A história da política no Brasil tem aspectos muito assustadores. Em nosso tempo, por exemplo, as atrocidades cometidas no meio são imensuráveis. No fim das contas, temos um mundo dividido entre as pessoas éticas, que sempre fazem todo o trabalho que precisa ser feito e aqueles que somente se sustentam pelo favorecimento político. Enquanto isso, “o povo coitado, um detalhe na história vai sofrendo como um judeu nas garras dos filisteus e curtindo o seu relento”.
Com votos cordiais de bênçãos,
Maria Paiva Corá
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