The Walking Dead é uma série de televisão da AMC
baseada nas histórias em quadrinhos de Robert Kirkman. No Brasil, ela é exibida na Fox e trata-se de
uma série de terror e ficção científica. Nela podemos ver legiões de
cadáveres putrefatos tentando eviscerar os vivos, que se defendem com
espingardas, machadinhas, pás, etc. Sob um cenário apocalíptico, ela
está centrada em Rick Grimes, um oficial de polícia da pequena cidade de
Cynthiana, no estado do Kentucky. Na série acompanhamos a trajetória de sua
família e de outros sobreviventes que se uniram para manterem-se vivos depois
que o mundo foi infestado por zumbis. Com o progresso da série, as personagens
tornam-se mais desenvolvidas e suas personalidades são demonstradas sob a
tensão de um apocalipse zumbi, especialmente a de Rick o protagonista da história.
Tudo começa quando Rick e seu parceiro Shane Walsh participam de um tiroteio e Rick é
baleado, entrando em coma. Ao acordar em um hospital, ele descobre que os
mortos-vivos infestaram o edifício e a cidade inteira está destruída e deserta.
Mas, não completamente deserta afinal, Rick retorna para casa e vê que sua
família não está lá e ao vagar pela rua encontra Morgan e Dwayne Jones, que lhe
explicam tudo o que está acontecendo no mundo desde que ele entrou em coma. Ao
saber de Morgan que em Atlanta foi montada uma base militar de refugiados ele decide
partir para lá, na esperança de encontrar sua esposa Lori e seu filho Carl. Ao
partir ele descobre que a base militar não mais existe e que
Atlanta está repleta de zumbis. Enquanto é perseguido pelos "zumbis"
alguém o puxa para um beco, então descobre ser um rapaz chamado Glenn, um
entregador de pizzas, que faz parte de um bando de sobreviventes. Com sua
ajuda, Rick consegue escapar da cidade, saltando sobre os prédios.
Seguindo Glenn, Rick descobre que o grupo de
sobrevivente do qual Glenn faz parte também é integrado por sua esposa Lori Grimes e seu filho Carl Grimes, que estão bem. Seu
ex-parceiro Shane também sobreviveu e está lá, mas este não fica nada
feliz ao ver que Rick está vivo , uma vez que ele está começando um
relacionamento amoroso com a esposa de Rick, Lori e já tem Carl como filho.
Para complicar mais a trama Lori, está grávida e não tem certeza de quem
é o pai da criança. Pode ser Rick ou seu parceiro de farda, Shane. Não
bastasse as complicações desse triângulo amoroso, Lori, que já tem Carl, seu
filho pequeno, precisa considerar os riscos de pôr uma criança num mundo
infestado por hordas de mortos-vivos, devoradores de carne humana e ela chega a
cogitar o aborto. O desespero dela diante da realidade que ameaça a
segurança de sua prole é uma versão extrema da angústia de todo pai em tempos
de guerra.
Fazendo um balanço da segunda temporada de
The Walking Dead, podemos traçar algumas características sobre como a
ética e a moral dos personagens são afetadas. Tenho uma filha e uma sobrinha
que são umas entusiastas de zumbis e terror, por isso precisei assistir
ao seriado e ficar atenta a muitos detalhes de The Walking Dead. No
início confesso que fiquei extremamente confusa, mas motivada pela
história cada vez mais complexa e pelos personagens, acabei gostando e
comecei analisar o comportamento dos personagens juntamente com minha
filha, mesmo porque ela ainda é uma adolescente e queria explicações. Eu não
tinha muitas respostas, mas fiz o possível. A história é sobre “Matar ou morrer” e essas escolhas não são
fáceis. Quando estamos assistindo ao programa, acabamos imaginando o que
faríamos numa situação dessas.
Gostávamos do Shane e ficamos chocadas quando ele
matou Otis, um hospede dos Greene na fazenda. Ele foi encontrado por
Rick zumbificado . Quando descobrimos
os Zumbis mantidos vivos em um celeiro, então foi realmente
assustador. Esses zumbis, uma vez libertos do celeiro, acabaram
mortos. E o mais impressionante foi a revelação do horrendo
destino da menina Sophia, filha de Carol, uma menina desgarrada que
Rick e seu grupo vinham procurando desesperadamente, demonstrando
assim a substância trágica de The Walking Dead. Foi
extremamente doloroso, principalmente por tratar-se de uma criança. E por aí
segue a história, e cada cena é mais chocante que a outra. Não
conseguimos assistir a esse show de horrores sem nos colocarmos no lugar de
alguns personagens, e isso, é a chave do sucesso da série. Mantém-nos
ligados na tela o tempo todo. Isso é incrível porque aqui estamos
falando de zumbis.
Podemos também ver ali as mais variadas formas de como os
seres humanos reagem ao terror. No mundo muitas vezes confuso
em que vivemos, esses aspectos em si mesmo, têm um valor considerável. No nosso
mundo real temos muitas vezes que suportar alguns eventos realmente
horríveis e queremos simplificar as coisas, tentando justificá-las. The
Walking Dead acaba nos forçando a ponderar sobre alguns fatos. Segundo uma
crítica psiquiátrica “nós
temos a síndrome, TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), para a qual a
neurobiologia é bem elucidada (isto é, os cérebros da maioria das pessoas fazem
coisas similares se eles tiverem o infortúnio de sofrer os efeitos patológicos
em longo prazo de experiências traumáticas) e ainda assim o fenótipo dessas
conexões neuronais similarmente falhas é imensamente variada. Na medida em que
nós podemos argumentar que muitos dos personagens no show têm pelo menos alguns
aspectos de TEPT, o show se torna um fascinante exemplo de como o TEPT pode ser
diferente em pessoas diferentes. Mais controverso ainda, o show serve como um
lembrete que de a aparentemente má resposta a uma experiência de horror de uma
pessoa, pode ser a chave para que outra pessoa se mantenha psicologicamente sã.
Respostas são exclusivas de cada indivíduo e em alguns casos nós podemos nos
meter em apuros se nós considerarmos a atitude de “um-tamanho-cabe-em-tudo”
para o que consideramos patológico.”
Por exemplo: O
Shane sempre foi o cara sombrio que ele se tornou? Ele sempre foi um assassino
utilitário? Esta é a sua resposta exclusivamente pessoal e elétrica aos eventos
que se desenrolaram, ou é o resultado de mudanças em seu cérebro em resultado
do desenrolar dos acontecimentos? E o Dr. Hershel Greene? Como pode ele,
o senhor fazendeiro e veterinário de pensamento claro, se chamar de Homem de
Deus e ainda assim devolver preciosos humanos à selva? A ironia do Dr. Greene
sentado à sua mesa e lendo a mesma Bíblia que contém histórias e lições de
pessoas nessa mesma situação é bem impressionante. Ele poderia estar lendo
sobre Abraão oferecendo um refúgio seguro aos viajantes no deserto e ainda
assim ele pede para que Rick e seu grupo saiam de suas terras. Ele parece
cruel, realista, traumatizado, furioso, hipócrita, gentil, ou tudo isto. E como
ele reagiria se no lugar de zumbis, fosse um furacão ou até mesmo uma
guerra, mesmo assim ele teria despedido seus cansados hóspedes? Estas e outras questões
sombrias o show traz à tona.
A segunda temporada de The Walking Dead chegou ao fim. Quanto a Terceira Temporada de The Walking Dead terá 16 episódios e
contará com Michonne, Governadore o retorno de Merle Dixon. Sobre as gravações, em entrevista ao jornal
Times Herald, Mike Riley, diretor de locação de Walking Dead, disse que as gravações
devem ter início em maio na cidade de Senoia,
no Estado da Georgia. A
previsão para estreia permanece inalterada: Outubro de 2012. "Apesar de já termos gravado em Senoia nos anos anteriores, a cidade vai
se tornar uma locação recorrente durante essa temporada. Vamos transformá-la em
um santuário em meio ao apocalipse zumbi", disse Riley. "Na série, a
cidade será como um porto seguro, afastado da infestação zumbi que acontece do
lado de fora." Segundo Riley, a cidade será segura por estar cercada por
muros: "Nossa equipe vai construir
uma muralha temporária e removível (...) parecida com um portão, feita de pneus
velhos, portas e coisas do tipo". A cidade representará a Woodbury dos
quadrinhos, que tem como líder um "ditador benevolente", nas palavras
de Riley, o Governador - que será vivido na série pelo ator David Morrissey.
O grupo deverá procurar por um lugar para
chamá-lo de lar, estabelecendo-se em vários acampamentos temporários -
incluindo uma prisão - que chama a atenção de um homem louco que se
autodenomina "O Governador". O
Governador administra a sua pequena comunidade de sobreviventes chamada
Woodbury como um ditador, e tortura Rick e outros membros de seu grupo, o que
culmina em um grande ataque contra a prisão. Vários dos principais personagens
morrem na batalha, incluindo o próprio Governador. Após a prisão deixar de ser
um lugar seguro devido ao ataque, Rick e os membros sobreviventes seguem para
Washington em uma tentativa de achar a cura para a infecção. Porém acabam
encontrando humanos canibais no caminho, e também uma cidadezinha fechada e
segura - mas que esconde um grande segredo.
Também para a Terceira Temporada da
série The Walking Dead, foi contratada a
atriz que viverá Michonne. Trata-se de Dana Gurira (Treme) e ela dará vida à
personagem dos quadrinhos na adaptação televisiva. Quem acompanha as HQ`s sabe
da importância dessa personagem – heroína. Ela é uma sobrevivente do
apocalipse zumbi, que se junta ao grupo de Rick com a sua espada afiada. Foi ela
quem salvou Andrea no final da segunda
temporada. Trata-se de uma das personagens mais queridas da série dos
quadrinhos. Mas minha filha tem uma preocupação específica sobre essa
misteriosa espadachim, porque ela não
quer que a Michonne roube de Daryl Dixon o posto de “Mais casca-grossa do
bairro”. A personagem já chega chegando e pouco teme. De
sua origem pouco se conhece. O que a minha filha achou muito estranho foi o fato dela levar consigo dois
mortos vivos na coleira. Como explicar tamanha bizarrice? Assim como Rick e
Glenn, ela também faz parte do grupo que descobre a cidade de Woodbury, e seu
psicótico Governador, Phillip.
É importante salientar que Michonne foi votada
com 86 votos dos 100 melhores heróis dos quadrinhos atuais, em uma
eleição realizada pelo site IGN. Em entrevista para a MTV
News, Robert Kirkman também falou sobre o que esperar de Danai
Gurira, atriz que interpretará a espadachim Michonne: “Danai é uma atriz absolutamente fantástica. O papel dela será bem
desgastante. Vamos testá-la até seus limites. Ela trabalhará bastante com a
espada. Não posso detalhar o que ela fará, mas todos que já leram os quadrinhos
sabem que ela é durona. Também veremos muito disso na série. Danai está se
dedicando muito, inclusive com treinos de espada. Começaremos a filmar semana
que vem, portanto trabalharemos bastate com ela e estamos muito animados em
tê-la no time.”
The Walking Dead não consola o
espectador com ilusões redentoras. Aqui, a luta nunca acaba. Mesmo Rick, o pólo
ético da história e mocinho clássico revela-se falho, conflitado e hesitante
nas decisões difíceis. Tirando pequenos tropeços na legenda e o já
esperado excesso de intervalos, a série merece muitos elogios e podemos tirar grandes lições para
nossas vidas. Muitas questões morais são
cuidadosamente apresentadas nesse cenário bizarro. São muitas as provações que
os heróis precisam passar e a luta se torna cada vez mais acirrada
a cada episódio da série. A questão toda está na reação de cada
personagem ao sofrimento porque eles precisam manter-se
vivos sem perder o norte ético. São
muitas as tribulações e a vida deles não é nenhum mar
de rosas. As dificuldades aumentam a cada instante. Todos eles
passam por sofrimentos, e não são poucos os sofrimentos. Eles só não
podem deixar que esses sofrimentos vençam, levando-os ao desespero ou à
murmuração contra Deus. Por outro lado, se eles permitirem que Deus trabalhe em
seus corações em meio às tribulações, dando a Ele a oportunidade de
purificá-los e aperfeiçoá-los por meio da dor, então suas vidas interior
serão fortes.
Shalom!
Maria A. Paiva Corá