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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ELAS ACABARAM FICANDO PERITAS EM NÃO FALAR


Recentemente assisti a um documentário na  Discovery Home & Health, cujo  nome  “Minha Filha Não Fala” e fiquei bem impressionada.  Foram mostradas três famílias cujas filhas tinham a idade entre  8 (oito) e 15(quinze) anos  que sofrem de uma condição estranha e isoladora conhecida como mutismo seletivo. São crianças que podem falar e que o fazem quando em casa. Mas, uma vez em público, são tomadas de uma ansiedade tão extrema que isso as emudece.

É lamentável porque o falar é um meio do ser humano exteriorizar-se e integrar-se na comunidade em que vive. Existe a necessidade do ser humano de exprimir pela palavra as experiências vividas, manifestando suas ideias acerca de assuntos importantes para ele. Ser impedido de falar é cruel. É matar seus ideais. Há um grande poder na comunicação pela palavra. Cecília Meirelles disse: “Ai palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa!”.

As  garotas da reportagem aprenderam a ficar caladas. Elas acabaram ficando peritas em não falar. Não é à toa que elas muitas vezes se neguem a falar, com medo de errar, de ter o seu falar e as suas ideias censuradas.  Várias circunstâncias devem ter concorrido para que isso venha acontecendo com elas. Porém, é preciso insistir, estimular e provocá-las  a falarem, rompendo assim as amarras que as prendem.

Mas assim como elas, existem muitas pessoas que também  apresentam enormes embaraços ao terem de falar com pessoas desconhecidas e têm grande dificuldades de se expressar. Ao  desenvolver a arte de falar, o ser humano sai de uma posição defensiva e insegura e torna-se mais integrado nos lugares em que frequenta. Vale dizer que as pessoas enriquecem à medida que se encontram e compartilham seus conhecimentos. As ideias e expressões têm uma história progressiva. Ao partilharem os pensamentos e experiências as pessoas se transformam. Através da comunicação relacional humana, conhecemos e somos conhecidos. “Parece óbvio que a comunicação humana é a alma e o impulso vital de todo relacionamento”.

De todas as garotinhas do documentário, a que mais me chamou a atenção foi aquela que só falava com a mãe. Ela não conseguia falar na escola e nem mesmo com o avô, que  precisou de muita paciência para lidar com a situação. O sonho dele era ouvir o som da voz da neta. Ele queria interagir com ela, mas parecia impossível. Estava quase desistindo, quando a mãe teve a brilhante  ideia de presentear a filha com um  celular e pedir para ela gravar  mensagens de voz no seu celular para o avô. Precisou de muita perseverança para conseguir o objetivo. A estratégia deu certo. Depois de quase dez anos o avô agora podia conversar com a neta. Ele gravava a conversa e a enviava.  Quando ela recebia a mensagem, respondia para o avô. E dessa maneira o relacionamento deles pôde ser possível.

O nosso falar é muito importante e dele resulta o que vem a público. Sugestões e críticas só irão nos enriquecer, mas também nos levarão a uma comunhão maior e assim podemos resgatar  a nossa condição humana de ser.

Shalom!

Maria Paiva Corá


Um comentário:

  1. minha filha tmbm não fala com o avô... ela tem 5 anos e há quase 1 ano faz terapias.

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